quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Jay Rubin é entrevistado!

Foi divulgada ontem na Internet uma entrevista realizada pelo site Asahi a um dos tradutores americanos de Haruki Murakami. A equipa do blog MURAKAMI PT traduziu o melhor que pôde a entrevista, e aqui segue a mesma para os leitores portugueses poderem usufruir. Novamente relembramos que brevemente será a altura de divulgarmos a nossa própria entrevista exclusiva a Maria João Lourenço, a tradutora portuguesa do autor. Dentro de uma semana esperamos ter o texto tratado para o podermos divulgar!

P: Está a meio da tradução de 1Q84. Como está a correr?
R: Terminei o Livro 1 em Janeiro e agora estou na página 423 do livro 2. A minha data limite é 15 de Novembro, e acredito que essa seja também a data limite do tradutor Philip Gabriel para o Livro 2.
P: Quando leu pela primeira vez Murakami, qual foi a sua primeira impressão?
R: Li-o pela primeira vez em 1989 quando um editor Americano me pediu para avaliar o “Hard-Boiled Wonderland and The End of the World”. Adorei o livro e a partir desse ponto comecei a ler quase exclusivamente só Murakami nos 10 anos seguintes, ou mais.
P: Originalmente, o que o atraiu mais em Murakami como seu tradutor?
R: Eu gostava especialmente dos seus contos, por isso procurei o contacto dele na Bungei Nenkan, um almanaque de escritores, e escrevi-lhe uma carta onde me introduzia como o tradutor de Natsume Soseki, e pedindo-lhe permissão para traduzir o “Segundo Assalto à Padaria”, “O Elefante Evapora-se”, e outras pequenas peças. Não muitos meses depois, tive a minha primeira tradução publicada na Playboy, o que era uma grande mudança depois de jornais académicos como o Monumenta Nipponica e o Harvard Journal of Asiatic Studies.
P: Como é o Murakami ao vivo, enquanto pessoa?
R: Calmo, divertido, modesto, muito à semelhança do “Boku”, ou o “eu”, narrador de obras anteriores.
P: Qual das obras de Murakami é na sua opinião a obra-prima? E porquê?
R: “Hard-Boiled Wonderland and the End of The World”. É a mais perfeita arquitectonicamente entre os seus livros grandes, e faz com que o leitor vivencie as função do cérebro humano, e isso fascina ao Murakami (e a mim).
P: John Irving e Raymond Carver são os autores americanos favoritos de Murakami. Sente a influência deles na obra de Murakami?
R: Sim, no humor e no estilo simples.
P: Quando tem dúvidas na tradução, como o contacta? Pode-nos dar um exemplo recente de questões?
R: Eu troco emails com ele directamente ou através do seu tradutor da Shinchosha Publishing Co. Ele é um bom correspondente de emails. Muitas passagens do 1Q84 podiam ser traduzidas ou na primeira ou na terceira pessoa, e eu perguntei-lhe, em certos casos, qual delas ele preferia. Ele normalmente diz-me para escolher a que resultar melhor em inglês.
P: Quais são as maiores dificuldades ao traduzir os romances de Murakami, comparando com os de Soseki e outros escritores nos quais também já trabalhou?
R: Devido ao estilo de Murakami ser tão fortemente influenciado pelo seu profundo conhecimento do Inglês, é naturalmente mais fácil traduzir “de volta” para o Inglês do que outros escritores nos quais já trabalhei. Soseki também tem um estilo influenciado no Inglês, mas além disso ele permite que o seu vasto conhecimento dos clássicos chineses se mostrem.
Agatagawa Ryunosuke usualmente tenta imitar o Japonês clássico ou medieval. Eu estive à beira de não traduzir o seu “Ogata Ryosai Oboegaki” porque o seu interesse em Japonês leva-o a usar um estilo documentativo medieval conhecido como sorobun, para o qual não existe equivalente Inglês. No fim, apesar de tudo, senti tão fortemente que a história tinha de ser traduzida que decidi sacrificar esse aspecto do estilo e optei por um mais formal como pode ser usado num documento oficial.
No caso do Murakami, não existem problemas desses. Como o estilo do Murakami é geralmente simples, o desafio é escrever frases simples em Inglês que ainda terão ritmo e não soarão aborrecidas.
P: Por vezes, Murakami incorpora directamente frases em inglês nos seus romances. Isso liga bem com a sua tradução? Por exemplo, na “Crónica do Pássaro de Corda”, ele usou a frase “Kojinteki ni toranaide kure”, que é obviamente retirada de “Don’t take it personally”.
R: O problema é traduzir “de volta” para Inglês que é tão pouco comum como o japonês, mas normalmente eu vou à expressão inglesa “original”. Dessa forma, o batakusasa (estilo Western) no estilo do Murakami perde-se. Desculpem.
P: Diga-me qualquer coisa acerca do seu processo de tradução. Lê o livro todo antes de começar a traduzir?
R: Sim, eu leio sempre o livro primeiro no caso de existirem algumas frases-chave especiais que precisem de ser lidadas de uma certa maneira desde o princípio. Levanto-me cedo de manhã e trabalho até o meu cérebro se tornar como tofu, o que acontece normalmente por volta das 11 e meia da manhã. O meu cérebro não fica de muito uso para o resto do dia.
P: Acha que as obras de Murakami contribuíram para o crescente interesse da literatura japonesa nos Estados Unidos?
R: É claro. Ele foi responsável por isso quase sozinho.
P: O Jay Rubin traduziu o texto original do discurso “Wall and Egg” na 24ª edição do International Book Fair do último ano, em Israel, onde Murakami recebeu o Prémio Jerusalém. Ele fez algum comentário acerca do seu texto?
R: Não que me lembre. Agradeceu-me por ele, é claro, mas não me parece que tenha tido algum problema com a minha tradução.
P: As obras de Murakami têm sido vistas como candidatas ao Prémio Nobel da Literatura desde há muitos anos. Qual pensa que são as possibilidades de isto vir a acontecer algum dia?
R: Não imagino nenhum outro autor japonês a ganhar o Prémio primeiro que o Murakami. É só uma questão de tempo.


Data: 27 de Outubro de 2010
Fonte: Asahi
Por: AKkiro Wada
Em: http://www.asahi.com/english/TKY201010260276.html

sábado, 23 de outubro de 2010

Murakami invade os cinemas...


O que se anda a falar sobre o escritor japonês por essa internet fora? Os temas que andam a dominar a actualidade são exactamente as versões cinematográficas adaptadas de obras de Murakami. 'Norwegian Wood' já todos ouviram falar. Da curta-metragem 'The Second Bakery Attack" adaptada de um conto do autor também já tínhamos falado no blog aqui há meses. Agora fala-se é em "All God's Children Can Dance" - um filme de 2008 que vai chegar pela primeira vez ao Japão durante o próximo mês - é tomado como um golpe de marketing, para aproveitar o hype reunido à volta de 'Norwegian Wood'.


Deixo-vos com os três cartazes dos três filmes, dois deles longas-metragens, e o outro uma curta. De uma maneira ou de outra, cheguem estes filmes às salas de Portugal ou não, tenho de arranjar maneira de ver cada um deles!


sábado, 16 de outubro de 2010

Para nós, foi um dia muito Murakamiano...


Hoje de manhã, a equipa do blog MURAKAMI PT realizou por fim um encontro que planeava há muito, e com o qual ansiava. Maria João Lourenço, a tradutora portuguesa do autor japonês, mostrou-se muito simpática e atenciosa, e na sua companhia passámos uma manhã óptima, à conversa sobre aquele um dos autores das nossas vidas. Consigo levou um saco com muitos livros, e na imagem podem ver uma fotografia à primeira página do 1Q84 na sua versão japonesa. Falámos por muito tempo, conversa a qual se tornou a prometida entrevista. Mas uma hora e meia de conversa não se passa em uma tarde para texto - e a tarefa ainda se demora mais quando se trata de amenizar o discurso, para que se adapte à plataforma escrita e não oral. Fica aqui a vontade de partilhar com todos o mais brevemente que nos for possível... e um grande agradecimento à Maria João por esta oportunidade!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

1Q84 na Feira do Livro de Frankfurt!


Naquela que é considerada a maior Feira do Livro do Mundo, esteve em exposição a mais recente obra do autor Haruki Murakami - traduzida já para alemão! Quem teve a amabilidade de me informar foi a tradutora Maria João Lourenço que, marcando presença na Feira, decidiu enviar-me estas duas fotografias por si tiradas aos livros e ao cartaz exposto! Espero que os leitores do blog se deliciem tanto com elas como eu...



A Feira do Livro de Frankfurt encerrou hoje. É uma Feira destinada a profissionais do sector, para se promoverem obras nacionais (100 países participam) e vendas de direitos de autor para editoras. O país em destaque este ano foi a Argentina. Portugal teve uma presença forte e investiu nesta presença em Frankfurt. A Feira contou, em cinco dias, com um total de quase 280.000 visitantes.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ainda não foi desta...

O Nobel foi para Mario Vargas Llosa. Assisti à cerimónia em directo a partir do site e foi com desilusão que não ouvi o nome «Haruki Murakami» ser dito pelo representante do Comitée da Academia Sueca.

No entanto, não faz mal. Segundo o próprio japonês - "Os bons leitores são os meus verdadeiros prémios e as medalhas dignas desse nome. As outras coisas... não passam disso mesmo. Ou se percebe isto ou não se percebe. Não tem importância.".

Consolados por esta afirmação, os fãs do autor podem descansar, sempre com o ânimo de para o ano voltarmos a esperar na vitória. Não porque Murakami quer - mas sim porque é uma distinção que merece.

Até lá... que tal experimentar uma obra de Mario Vargas Llosa? Eu, pelo menos, nunca li nenhuma!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Amanhã!

Eis que a lista se modifica completamente, na lista dos mais esperados para ganharem o Prémio Nobel da Literatura. o site de apostas Ladbroke encontra-se em constante actualização, e neste momento Haruki Murakami é já o terceiro mais esperado vencedor, com 1 em 7 hipóteses de ganhar. Isto é mais probabilidade do que nunca para o escritor japonês!

O vencedor apontado neste momento é o famoso Cormac McCarthy, e o segundo lugar está a ser indicado para Ngugi wa Thiong'o, do Gana. Parece, pois, que as apostas anteriores estão deitadas por terra. Ao longo do dia vou confirmando se vão existir alterações... mas é já amanhã, pelas onze horas da manhã (hora de Lisboa), que será noticiado o nome do vencedor. Mantenha-se atento ao MURAKAMI PT e saiba em primeiro mão.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Nobel da Literatura... será desta?


O nome do novo Nobel da Literatura será anunciado já na próxima quinta-feira, dia 7 de Outubro. E, como de habitual, as apostas para quem será o vencedor estão ao rubro por toda a imprensa escrita e internet. Uma das casas de apostas que é levada mais em consideração chegada a esta altura, pelos resultados favoráveis que vai obtendo (relativamente) em algumas das suas escolhas de anos anteriores, é a Ladbrokes. E os prognósticos para esta edição do prémio de 2010 são os seguintes:

O poeta sueco Tomas Tranströmer aparece como favorito à vitória, com a probabilidade de 1 em 5. Os três lugares seguintes são ocupados também eles por três poetas: Adam Zagajewski (Polónia), Ko Un (Coreia do Sul) e Adonis (Síria) ocupam ex-aequo a segunda posição. Em quinto vem o primeiro autor de prosa nesta lista - Antonio Tabucchi (Itália). E é em sexto que fica o nosso conhecido Haruki Murakami. (Como curiosidade, António Lobo Antunes, o único português na lista, aparece apenas na casa dos 30ºs lugares).

Segundo o que li na imprensa espalhada pela internet, parece que Haruki Murakami subiu em termos absolutos na lista, conseguindo um 6º lugar (melhor que o ano passado). Acontece que este ano as suas probabilidades são de 1 em 11 (9%), e em 2009 eram de 1 em 9 (11%). Ou seja, a probabilidade é mais baixa, mas em contra-partida os seus "adversários" têm também, no geral, probabilidades mais distribuídas. Apostar em Haruki Murakami na Ladbrokes custa 12 euros, enquanto que apostar no "cabeça-de-lista" sueco custa apenas 5.

Estas apostas nada querem dizer. O ano passado o israelita Amos Oz era favorito com 1 em 4 (25%) de probabilidades, e quem venceu foi Herta Müller, muito abaixo na lista. Haruki Murakami é considerado por muitos um eterno candidato ao Nobel, pois figura nos principais candidatos desde há muitos anos, sem nunca ter conseguido. O próprio autor disse numa entrevista há meses que não se imsportava com tal facto - "Os bons leitores são os meus verdadeiros prémios e as medalhas dignas desse nome. As outras coisas... não passam disso mesmo. Ou se percebe isto ou não se percebe. Não tem importância.".

Dentro de uma semana ficaremos a conhecer os resultados. Com a consciência traquila, no entanto, de que se não for este ano será com certeza num outro. Murakami merece, não concordam?