quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tempo de calmaria...


... com Murakami é muitas vezes assim. Parece que nada acontece. Bastante reservado no que toca à sua vida privada, raramente aparecendo em público, acontece existirem períodos de tempo em que não existem notícias. Vamos informarmo-nos às nossas fontes na internet, e as únicas novidades que vão existindo são mais críticas ao filme 'Norwegian Wood', e artigos sobre o autor que são quase repetições dos que já fomos colocando aqui ao longo do Verão.

Põe-se apenas uma pergunta: o que andará Haruki Murakami a escrever? O livro '0', ou '4' de 1Q84? Ou um novo romance? Ou contos? Que surpresas andará a preparar para nós o autor japonês?

Murakami é um autor de paciência. E com paciência este tempo de calmaria passará... é que chegou-me ao ouvido que dentro de uma semana teremos novidades muito boas, leitores portugueses do autor...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Perguntas à tradutora?...

ATÉ AGORA: 9 PERGUNTAS
(em actualização)

Vamos imaginar que... hipoteticamente... o MURAKAMI PT tinha a oportunidade de realizar uma entrevista ao vivo à tradutora portuguesa do autor Haruki Murakami. Assim hipoteticamente, hm? Por hipótese! Não estou a querer dizer que... já devem ter percebido a ideia, não? :)

Que perguntas gostariam de colocar a Maria João Lourenço, se tivessem essa oportunidade? Quem sabe não poderiam surgir respostas às mesmas... agradecemos pois que preencham o formulário abaixo com as vossas dúvidas e curiosidades... e depois esperar que alguma coisa se concretize... está bem?

Muito obrigado desde já, e não ponham limites à vossa curiosidade!


terça-feira, 7 de setembro de 2010

[Norwegian Wood] - As críticas


As primeiras reacções ao filme Norwegian Wood, exibido pela primeira vez dia 1 de Setembro, não foram animadoras. Nesta primeira sessão o filme foi apenas visto por jornalistas, o que nos fez acreditar que talvez no dia seguinte as notícias fossem um pouco melhores. Segundo estes jornalistas, o filme era bom, destacando a realização e a fotografia, mas consideravam-no grande de mais. Os jornalistas consideravam que o realizador se perdera um pouco, dando voltas desnecessárias na história. Alguns chegaram a referir-se ao filme como uma “desilusão”.

Começaram depois a chegar opiniões de comentadores, colunistas e outros que parecem achar este filme, não digo fantástico, mas muito bom. Tal como os jornalistas, referem o efeito visual do filme, as paisagens e a realização do vietnamita Anh Hung Tran. Mas juntam às suas críticas comentários que mostram que se deixaram envolver pela história. Nigel Andrews, colunista do Financial Times afirma que este festival já teve vários dias maus, referindo-se a estes dias como “buracos negros”, mas diz que “nos dias mais felizes esquecemo-nos completamente deste buraco. A mostra de cinema entrega-nos os bons, como quase sempre faz, e podemos experienciar filmes como o japonês Norwegian Wood ou o russo Silent Souls.” Para este cronista, estes são os seus dois filmes de eleição.

Mas numa competição de cinema, a opinião máxima é a dos críticos, convidados ou não. E neste caso, a sua opinião, no geral, não agrada. No passado domingo, 5 de Setembro, 21 críticos classificaram na revista Variety, de 0 a 10, 9 das várias longas metragens apresentadas no festival. Nesta avaliação não-oficial, ficou em primeiro lugar uma comédia italiana que muitos comentadores consideram má. Ao filme Norwegian Wood foi atribuída a nota de 5.9, ficando posicionado em 7º lugar, o penúltimo, pois dois dos filmes empataram no 2º lugar.

Não sou capaz de me conter neste ponto sem intervir. Ninguém espera que num festival de cinema surja um filme imediato ou um grande sucesso comercial, muito menos sendo um filme asiático. Tenho a certeza que os critérios dos críticos são melhores que os meus, além de que eu ainda não vi o filme e tudo o que me move é a paixão pela obra de Haruki Murakami. Mas gosto bastante de filmes estrangeiros e até agora já vi uns quantos asiáticos. Chineses, japoneses, coreanos. Todos têm uma coisa em comum: são filmes calmos. Muitos poderiam dizer parados, mas eu considero-os apenas calmos. Dão-nos tempo para entender a história e ao mesmo tempo para nos deixarmos envolver.

Para além disto, trata-se de uma adaptação do romance de Haruki Murakami. O realizador do filme, Anh Hung Tran, declarou que a filmagem contou várias vezes com a presença de Murakami e que este também deu as suas opiniões, deixando sempre espaço para a criatividade do realizador. Anh Hung Tran disse ainda que procurou transpor toda a emoção do livro para o filme e tenho a certeza que na altura em que este filme chegar às mãos dos fãs de Murakami, ainda lhe vão agradecer por o ter feito.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

[Crítica] Afterdark - Os Passageiros da Noite (Tiago)


Há uns meses passou-me pela cabeça uma ideia meio tresloucada. Quem me conhece sabe que eu não sou pessoa de ler rápido, demoro um tempo considerável por página. Daí que por vezes demore mais tempo do que gostaria a ler um livro. Há no entanto um autor chamado Haruki Murakami, japonês, que me hipnotiza com as suas palavras e me deixa agarrado às suas obras. Quando na Feira do Livro de Lisboa deste ano comprei o “After Dark – Os Passageiros da Noite”, decidi quase de imediato que, quando o lesse, seria de seguida, numa só noite. Pareceu-me uma decisão natural – como todo o enredo era também todo ele passado nas horas de lua, porque não ler em tempo real? A ideia aliciou-me.

Foi ontem a noite. Fui beber água, acender a luz do quarto, abrir a janela e fechar os estores, encostar a porta do quarto, abrir o armário, pegar no livro, deitar-me na cama, encará-lo de frente, olhar para ele numa antevisão do que o serão me prometia. Eram 10 horas da noite e vinte minutos. As minhas previsões feitas antecipadamente, tendo em conta as 220 páginas, diziam que demoraria entre 5 a 6 horas. O meu coração batia acelerado só na perspectiva da aventura em que ia entrar. Por fim abri na primeira página do primeiro capítulo.

«Diante de nós desenham-se os contornos da cidade.»; sim, vejo-os, todos os altos arranha-céus, os limites, as ruas, as esquadrias e as assimetrias, tudo o que uma cidade pode oferecer ao nível da forma. Vejo-os diante de mim como se lá estivesse. Bastou uma frase para ser puxado – com Murakami é sempre assim, visto que parto à partida com a certeza de que aquele é o meu ambiente, e não precisarei de tempo para me ambientar. Atiro-me de cabeça.

As primeiras duas páginas são mais do que imagens – é todo um conforto que sinto de me imaginar lá, no meio de toda a vivacidade da noite japonesa, o movimento em Tóquio, a azáfama das ruas; tudo isso são presenças – células – circulando pelas ruas – artérias. Toda a cidade é um corpo. A metáfora de Murakami conquista-me facilmente, porque consigo imaginar que o é de facto. Cada cidade é um corpo composto de inúmeras células, sempre em metabolismo, sempre trazendo algo de novo umas às outras.

Há qualquer coisa de muito cativante no princípio desta história. Em poucos parágrafos Murakami dá-nos a conhecer o cenário deste livro, e todo o mecanismo vivo que o vai alimentar. Na noite de Tóquio existe toda uma quantidade de pessoas diferentes, que estão ali com objectivos diferentes, cada um vivendo para a sua própria noite – a noite particular de cada um deles. Mas que, no fundo, está sempre em contacto com as dos outros. A minha história de vida que se cruza com outra história de vida quando sou interpelado na rua. Cruzamentos e ligações que se darão debaixo do néon luminoso, e os ecrãs que vão diminuindo o seu brilho e som à medida que se aproxima a meia-noite.

Ao invés de sentir que o dia acabou, sinto que é a noite que está a começar. A minha e a de todas aquelas personagens que as poucos me vão sendo apresentadas, e as quais acompanho de tão perto sem que possa interferir na acção – é Murakami que leva aqui e ali, apontando para os sítios onde devo olhar. A certa altura entro na dúvida se estarei a ler um livro, ou a ver um filme. A linguagem do autor neste livro, em particular, é muito cinematográfica; em certos pontos parece-se extraordinariamente com um guião. Uma nova faceta da sua escrita que, após sete livros, ainda não conhecia! Tive de esperar pelo oitavo (pergunto-me o que ainda virá nos próximos por ler…).

A primeira metade do livro é tudo menos silenciosa. Temos música de fundo em muitos dos capítulos, ou que vai tocando nos bares, ou nos restaurantes, ou nas lojas, ou que as personagens simplesmente cantarolam. Há muito jazz, referindo logo à partida a música que provavelmente também serve de mote para o título do livro: “Five Spot After Dark”. Mas não só! Blues, música clássica, e mesmo música pop japonesa… temos de todos os tipos de sonoridade desta obra. Ah, e é claro, também temos a música das palavras e dos diálogos. E a do silêncio.

O fim, igual a tantos outros de Murakami, completa-me. Os finais abertos deste autor conquistam-me pela magia que transmitem – nada está terminado, apenas vamos deixar de contar por aqui. Existem tantas histórias por desenrolar, e podemos calcular o que aconteceria a seguir. Mas a noite tem fim. E ao nascer do sol as pessoas levantam-se e começam um novo dia. Para quem viveu intensamente a noite, neste drama sinistro, melodramático, tão pessoal e comovente, é agora altura de descansar – sozinho ou junto de quem se mais gosta. Com a esperança de que as últimas seis horas tenham mudado positivamente a vida a uns, e a tristeza de que para outros tenha sido tão profundamente cruel. E ainda há aqueles para quem a noite não passou disso – mais uma igual a tantas.

No fundo, este livro continua com o leitor muito antes de ter terminado. No fundo não conseguimos deixar de pensar na forma como a vida é tão sensível às mudanças exteriores, que cruzarmo-nos com uma dada pessoa pode mudar uma perspectiva de vida. Passageiro da noite como fui, às três da manhã pousei o livro na minha mesa de cabeceira, depois de ler a última página, fechei a janela, apaguei a luz, deitei-me e adormeci. Sabendo que a manhã seguinte seria um novo dia… mas que “After Dark” ia continuar comigo por muito, muito tempo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Estreia amanhã no Festival de Veneza!


Arranca hoje o 67º Festival de Veneza que decorrerá até dia 11 de Setembro. Como já foi anteriormente noticiado pelo Murakami PT, o filme Norwegian Wood, realizado por Anh Hung Tran a partir do livro de Haruki Murakami, estrear-se-á neste festival. De acordo com o programa oficial, Norwegian Wood será exibido amanhã, 2 de Setembro, pelas 21:30 (20:30 em Portugal) e novamente, numa outra sala, às 22:30 (21:30 em Portugal).

A expectativa está alta, principalmente entre os fãs do autor de Haruki Murakami - e, pela importância do realizador e pelo hype que está a gerar ainda antes da sua estreia, tem sido posto em destaque na imprensa internacional. Relembramos que está entre os muitos nomeados para vencedor do melhor filme do festival.