quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Murakami gostou da visita à Noruega!


Traduzido do Norueguês para o inglês pelo Google Tradutor, e do inglês para o Português pela equipa do Murakami PT!

Houve uma autêntica febre de Murakami em Oslo! Com uma lista de 25 eventos a decorrer durante 4 dias, os noruegueses tiveram a oportunidade de assistir a conferências e experiências ligadas a Murakami, na Casa da Literatura.

Atingiu o pico na segunda-feira quando o próprio protagonista - o autor Haruki Murakami - foi entrevistado por Michael Schoeffling perante lotação esgotada entre o público.

E nós acreditamos que a tanto a Casa da Literatura como Murakami estavam ambos maravilhados. Para comprovar, a Casa da Literatura colocou hoje a seguinte mensagem no seu twitter oficial:

«Murakami viajou de volta. À saída do país disse: «O melhor verão de sempre. Obrigado!».

Foi o que declarou numa entrevista com Grytten, informa o organizador do festival da Casa da Literatura, Silje Riise Naess.

Quando o jornal Daglabet se encontrou com Murakami a semana passada, ele disse o seguinte:

«Quando fui convidado para Oslo, pensei que seria uma excelente maneira de respirar fundo.»

Naess diz que Murakami esteve também muito entusiasmado com o festival.

«Ele estava contente na palestra, porque conseguimos encher a casa com oitocentos espectadores, e o Murakami, no seu jeito humorístico, comparou a multidão com o metropolitano de Tóquio em hora de ponta!», diz Naess.

Também para a Casa da Literatura esta foi uma experiência especial.

«Já tivémos connosco muitos outros autores espetaculares, mas a visita de este autor vai-nos ficar particularmente na memória.», afirma Naess.
Data: 26 de Agosto de 2010, às 13:30h.
Fonte: Daglabet
Em: http://www.dagbladet.no/2010/08/26/kultur/murakami/litteraturhuset/litteratur/bok/13129435/

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

[MurakamiFestival] - A Palestra de Murakami!


Foi no auditório principal da Casa da Literatura da Noruega que Haruki Murakami subiu ao palco na segunda-feira para uma palestra - foi misto de leitura e entrevista - perante 750 pessoas vindas de muitos lugares diferentes. Consta que estavam muitos japoneses na sala, para além dos um pouco óbvios noruegueses. Embora até ao momento nenhum jornal tenha feito qualquer registo formal do que por lá se passou, nem existam filmagens ou registos de áudio, a única fonte que temos para já é uma linha cronológica do Twitter, de pessoas que estavam presentes na sala no momento e iam actualizando o estado da mesma na rede social. O que iremos narrar aqui é pois um resumo das informações recolhidas por twitters que assistiram ao evento - obrigado a eles!

O presidente da Casa da Literatura, Aslak Sira Myhre, expôs o programa da noite: Haruki Murakami apresentar-se-ia, iria ler um excerto de uma obra sua (em japonês), um actor norueguês leria o mesmo excerto mas em norueguês, e depois decorreria a entrevista (em inglês) feita por Michael Schoeffling, actor americano.


Eram pois 20 horas e 12 minutos quando Haruki Murakami subiu ao palco. O autor começa logo por dizer, quase em tom descontraído, "Tenho estado por aqui [Noruega] nas últimas cinco semanas. No Japão trinta mil pessoas estão hospitalizadas com crises de calor. Por isso estou feliz por cá estar!". Continua: "Tenho estado numa aldeia aqui da Noruega com a minha mulher Yoko, e estou surpreendido com o elevado número de roulotes alemãs!". Embora a piada nos escape, talvez tenha feito sentido para as centenas de pessoas na sala, pois por esta altura é relatado que se ouviram muitas gargalhadas na audiência.

Segue com mais alguns relatos da sua estadia, até que faz um desvio na conversa e se põe a falar do início da sua carreira enquanto escritor, em 1981. Diz que nos primeiros anos, enquanto ainda geria o seu barr de jazz que fechava tarde, chegado a casa tinha apenas um par de horas para escrever. E que a situação se prolongou até ele perceber que se tinha tornado de facto um escritor. "O meu primeiro romance chamava-se Hear the Wind Sing. E depois desse escrevi um outro acerca de máquinas de pinball. Mas não estava satisfeito com eles, queria qualquer coisa mais...".

Por esta altura é nos dito - de vez em quando os autores dos tweets fazem comentários à parte - que o inglês de Murakami é divertido de se ouvir, embora não seja muito fluente.

É nesta altura que Haruki Murakami começa a ler o excerto de um texto que escreveu exactamente em 1981, um conto pertencente ao livro "A Rapariga que Inventou um Sonho", embora estas informações ainda nos deixem 4 hipóteses de contos possíveis. O actor norueguês traduziu depois a leitura para a "língua da casa".

Segue-se uma pausa de 15 minutos, na qual, por ausência de acontecimentos, as pessoas presentes voltam a dar mais algumas informações sobre o ambiente que se estava a viver na sala. Somos informados de que Haruki Murakami vai vestido com uma t-shirt vermelha, e por cima um casaco bege. Parece também que o número de japoneses era elevadíssimo, e que cada mulher presente na sala parecia saída de um livro do autor japonês.

Começa a entrevista logo com uma pergunta muito directa. Diz o entrevistador «Toda a gente me pergunta o que é que Murakami tem de especial... agora sou eu que lhe pergunto a si". Murakami responde simplesmente "Eu próprio não sei".

"O Murakami já foi traduzido em 46 línguas. É intimidado por estes números?"; tem a resposta descontraída: "Só em Espanha são traduzidos para 4 diferentes!". "Quando fui lá, estava numa livraria a autografar para mais de 1000 pessoas. E o livreiro disse-me para ir beijando as leitoras. E as mulheres são tão bonitas lá!".

Prosseguiu a conversa acerca da relação que tem com os leitores. Diz que é um problema quando lhe pedem autográfos enquanto ele corre.

O autor fala ainda do diferente impacto que os seus livros têm na Ásia e no mundo ocidental. "Tenho muitos leitores nos países asiáticos. A reacção aos livros é diferente. Escrevo coisas fantásticas nos meus livros, que são vistas de uma maneira na Ásia. Na Europa, por exemplo, as pessoas pensam que as minhas histórias sobrenaturais pertencem ao pós-modernismo ou coisas assim...".

O entrevistador coloca a pergunta de qual é o método de escrita do autor, e é talvez no decorrer da resposta que surgem umas das frases mais significativas da palestra. "Eu tenho o meu próprio processo de escrita. Eu tenho um plano, que é a minha maior preocupação: não ter plano algum. Escrevi Kafka á Beira-Mar, Crónica do Pássaro de Corda... e agora 1Q84, que é grande. Se é um conto, o processo é o mesmo. Não tenho planos. Não sei o que vai acontecer. Escrever é como ter um sonho. Acordo todas as manhãs às quatro da madrugada. Em sonhos nunca se sabe o que vai acontecer. E posso equiparar a um sonho tudo o que escrevo todas as manhã."

O entrevistador intervém. "Existe então um desejo secreto de ser como Thelonius Monk [famoso pianista de jazz]? O seu jeito de improvisar sempre em frente...?". "Sim, sim", responde Murakami, "eu não tinha qualquer espécie de treino quando comecei a escrever aos 29 anos. O que fazia era ouvir muita música. Porque o mais importante é o ritmo. Precisas de melodia, precisas de harmonia, mas o ritmo é importante. Se tens ritmo, se sentes a batida, então consegues escrever."

"Não há nada que possa ser chamada «escrita perfeita», é o começo do seu primeiro livro", diz o entrevistador. "Certo. Eu conheço e compreendo o sofrimento de correr e de escrever. Que se compreenda que escrever também pode ser doloroso. E o conceito de "runner's blues" (o sofrimento do corredor) vem do meu livro Auto-Retrato do Escritor Enquanto Corredor De Fundo."

Murakami diz que nunca sentiu a famosa sensação de bloqueio de autor, justificando desta forma: "Se eu não quero escrever, então não escrevo. Em vez disso, começo a traduzir... e quando me canso, volto a concentrar-me nas minhas próprias histórias". Parece-nos uma boa desculpa...

"Toda a gente espera ansiosamente pelo seu novo romance 1Q84, e que possa ser o seu melhor livro.", diz o entrevistador. Murakami começa então a falar da nova obra: "George Orwell escreveu acerca do futuro de 1984, em 1949, o ano em que eu nasci. Eu escrevi este livro o ano passado... por isso é sobre o passado. Escrever acerca do futuro é aborrecido... eu queria escrever acerca do passado próximo, fazendo uma re-criação. Eu tenho sempre a sensação de que este mundo não é bem real. Todos conhecemos as famosas imagens das duas torres do World Trade Center caírem por terra. Foi real - mas é como se tivesse sido feito a computador. Sem o 11 de Setembro, o mundo teria sido diferente. Mas de que maneira?..."

O entrevistador pergunta se Murakami se sente desconfortável a falar dos próprios livros. "Sim. Porque sinto que esse é o trabalho dos críticos, falarem acerca das obras.". É dito que aqui houve um certo momento de irritação do autor.

Depois de falarem mais um pouco acerca da estadia de Murakami na Noruega, chega a altura das perguntas feitas por leitores. Deixaram perguntas numa caixa à entrada, e as primeiras serão lidas e colocadas ao autor.

"Qual é a sua massa preferida?". O público ri-se com a resposta de Murakami: "Genovesa. Sou bom a fazer molho de tomate".

"Interessa-se por algum autor norueguês?", e Murakami responde: "Comprei um livro de Dag Solstad no aeroporto".

"Como cria personagens como o Homem Carneiro?", é respondido de forma sincera: "Não sei."

E a última pergunta é feita como que de forma filosófica: "Como acaba a história?". Murakami responde: "Qual das histórias? A maioria dos meus livros tem um final aberto. Quando uma história termina, eu apenas sei isso. Se calhar um ano ou dois depois eu sinto que não, aquela história ainda não estava acabada! Foi assim na Crónica do Pássaro de Corda. Escrevi um pequeno conto, e pareceu-me que o tinha acabado."

"E é assim que termina a nossa história", diz o entrevistador. Murakami agradece à plateia, e é desta forma que é encerrado o FestivalMurakami em Oslo, na Noruega. É possível que nos próximos dias surjam mais testemunhos acerca desta palestra, aos quais iremos estar atentos. Quanto ao resto dos eventos do festival, tencionamos também aqui fazer um breve resumo acerca de cada um deles. Para que os leitores portugueses se sintam quase como se estivessem estado na Casa da Literatura da Noruega. Esperamos ter tido esse efeito com algum leitor do blog...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

[MurakamiFestival] - É hoje a palestra de Murakami!

Litteraturhuset, o edifício onde Haruki Murakami fará hoje a sua primeira palestra pública em muitos meses

É hoje o dia mais esperado de todo o FestivalMurakami que decorreu nos últimos três dias em Oslo, na Noruega. Pelo menos para as 750 pessoas que conseguiram bilhete para o evento que vai encerrar o festival, às 8 da noite de hoje (cá em Portugal serão 7). Haruki Murakami estará em pessoa a dar uma palestra no auditório principal da Casa da Literatura. Os bilhetes esgotaram 12 minutos depois de terem sido colocados à venda.

Através de pesquisas na internet, já encontrei os blogs de duas mulheres que acompanharam alguns eventos deste fim-de-semana. Durante a próxima semana iremos traduzir os pontos principais através dos seus artigos, para percebermos que tipo de eventos aconteceram. Acontece é que não consegui perceber inteiramente se alguma delas conseguiu bilhete para a palestra de hoje à noite.

Os blogs são o Christine Leser e o Bokdama. Com a ajuda do tradutor do Google podem tentar perceber alguma coisa, embora a tradução automática seja mesmo muito má. Se souberem norueguês é mais fácil...!

Por outro lado continua-me a espantar que, a quase seis horas da primeira palestra pública de Murakami desde há muitos meses (ou mais de um ano?), a imprensa mundial esteja a ignorar completamente tal evento. Pesquisando por notícias, não encontrei uma única. E até parece que este FestivalMurakami, tão inovador, está a passar ao lado dos próprios leitores... falta de informação!

sábado, 21 de agosto de 2010

[MurakamiFestival] - Acerca da informação que nos vai chegando...

Como por já várias vezes disse, a informação e as notícias acerca de Haruki Murakami, não sendo inexistente, é muito pouca e dispersa. Não é difícil encontrar uma notícia em inglês, outra em espanhol, ou em japonês, outra em coreano... e agora estamos a ter o caso do MurakamiFestival, a decorrer em Oslo. Por isso, norueguês. Acontece que o evento parece estar a passar ao lado da imprensa internacional, e como o próprio organizador (a Litteraturhuset) não disponibiliza o conteúdo dos eventos no seu site, a única forma de recolher informações é andar à caça em blogs de fãs do autor que vivam na cidade norueguesa.

Ora pesquisando por pequenas frases no twitter, ora nos blogs de pessoas que estejam a assistir ao evento, vai-se conseguindo poucas informações. Já li por aí que na segunda-feira, na palestra do Murakami (que já está esgotada) será proibida a captura de imagens. Resta a esperança de que exista alguma captura de som ou anotações pessoais de alguém que assista.

Aqui fica a promessa de que irei recolhendo as informações nos sítios mais longínquos possíveis do mundo da internet, em blogs desconhecidos da população anónima que vá assistindo às conferências deste fim-de-semana muito especial dedicado a Haruki Murakami, na Noruega.

[Informação] - Programa do Murakamifestival

O “Murakamifestival” em Oslo, na Noruega, começou ontem à noite e vai prolongar-se até ao dia 23 deste mês. É a primeira vez que um festival especialmente dedicado a Murakami se realiza na Europa e este conta com a presença do escritor japonês.

O programa de ontem à noite incluiu uma palestra sobre “tudo o que não sabe sobre Murakami e nunca pensou que devia saber” onde Ika Kaminka (tradutora norueguesa de Murakami) deu informações privilegiadas a todos os presentes sobre a vida do escritor e horas de entretenimento com DJ’s convidados, o “Festivalfest!”.

Hoje, 21, o dia começa com um programa especial para crianças. Seguem-se palestras sobre o Japão, a escrita de Murakami e os seus autores e personagens preferidos. À noite há ainda a exibição de um filme e a “Peter Cat-night com Håvard Wiik trio”, um concerto dedicado a Murakami que pelo nome (“Peter Cat” era antigo bar de Jazz de Murakami) se espera com muito Jazz.

Dia 22 há palestras sobre o passado e o futuro da literatura japonesa, os tradutores de Murakami e a ligação entre a corrida e a literatura; uma actividade sobre animação japonesa; leitura e conversa sobre Franz Kafka, Raymond Carver e F. Scott Fitzgerald (alguns dos autores preferidos de Murakami) e a exibição do filme “A Distância”.

O último dia do festival, 23, começa com a leitura de poemas inspirados em Murakami. Segue-se apenas uma conversa sobre o mais recente livro “1Q84” e o encerramento do festival.

É um festival de 4 dias, cheio de variedade, totalmente dedicado a Murakami, aos seus livros, à sua escrita e às suas preferências. O facto de ser o primeiro na Europa já nos faz ficar entusiasmados. Ficamos à espera de uma iniciativa do mesmo género no nosso país.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

[Imagem] - Oslo

Haruki Murakami em Oslo para participar no festival com o seu nome Foto: Lars Eivind Bones /Dagbladet

[Notícia] - Reconheceram este Japonês a correr no Parque Palace?

Estrela mundial anónima: Haruki Murakami esgotou a Casa da Literatura em 12 minutos. Mas poucos sabem que o autor japonês foi de férias durante três semanas para a Noruega. Foto: Lars Eivind Bones / Dagbladet

Traduzido e adaptado do Norueguês com muito esforço pela equipa do Murakami PT

Reconheceram este Japonês a correr no Parque Palace?

Ele é uma estrela literária.

Nas últimas três semanas, em Oslo, talvez tenha sido capaz de ver um japonês a correr diariamente em volta do Parque Palace. Todos os dias sem ser reconhecido, apesar de ser uma estrela mundial, traduzido para mais de 30 línguas.

Na próxima semana, no Litteraturhuset – Casa da Literatura – serão organizados quatro dias de Festival-Murakami. A sua presença neste festival no dia 23 de Agosto, fez com que os bilhetes fossem vendidos a um ritmo que normalmente caracteriza as visitas de bandas como os Metallica ou os Rolling Stones. Vários milhares de pessoas estavam vendidos. Os 750 bilhetes foram vendidos em apenas 12 minutos.

Bom para Hundrop

Neste Verão, Murakami e a sua esposa arranjaram quatro semanas de férias em Oslo. Um bom lugar para se estar, apesar de ser um pouco caro, segundo o autor popular. A partir daí viajou para Dovre e para o litoral oeste encontrando fans ansiosos em todos os luagares.
“Quando escrevo sinto-me um ser humano normal. Estou surpreendido com o enorme interesse mas não sou capaz de o explicar. Sou apenas um homem normal que gosta de contar boas histórias”, diz Murakami, um homem modesto, com uma camisola cinzenta com capuz, calções curtos de desporto e ténis.

- O que faz em Oslo, para além de correr?

“Acabei de concluir um enorme romance chamado “1Q84”. Consiste em três livros com mais de 1000 páginas no total. Cada um deles tem vendido um milhão de exemplares na primeira edição. Quando fui convidado para Oslo pensei que era uma boa oportunidade para respirar. É um país bonito, com muita natureza nas montanhas. Hundrop parece ser um lugar muito solitário, mas tem um excelente hotel, perto de um rio, e um grande restaurante.”

Acordei de repente

- Tem vivido em vários lugares, incluindo os E.U.A., Itália e Grécia. Onde é que se sente mais em casa?

“Em qualquer lugar. Enquanto tiver um bom ambiente de trabalho e um computador, fico satisfeito. Estou em casa quando posso escrever e ouvir boa música. Eu preciso de paz. O Havai é um bom lugar para se estar, quente e confortável.”

- Como é que conseguiu ser escritor?

“Eu sempre li muito. Gosto muito de romances. Quanto mais, melhor. Li “Os Irmãos Karamazov” de Dostoiévski quatro vezes e “Guerra e Paz” de Tolstói três vezes. O primeiro romance que li foi “O Vermelho e o Preto” de Stendhal aos 12 de idade. Desde aí fiquei viciado. Nunca pensei que pudesse escrever livros. Mas quando tinha 29 anos percebi que era possível. Quando já tinha muita experiência de vida. É absolutamente essencial quando se pretende escrever romances. A profundidade chega a partir de experiências reais. É precido ter amado, ter sido magoado e ter-se sentido deprimido, feliz.”

Felicidade própria

- Teve uma espécie de “clarividência” a meio de um jogo de basebol em 1979?

“Foi num belo dia de Abril. Eu estava cheio de um sentimento de felicidade. Foi como se algo descesse do céu. Pensei que tinha o dom especial necessário para escrever uma história. Nada pode ser comparado a esse sentimento. Desde então apenas tenho escrito e publicado. Nunca tive um bloqueio de escritor e nunca perdi a fé numa boa história com algo inesperado e que desperte o interesse. Escrevo quando quero. É uma pura alegria.”

- Muitos dos seus livros são uma espécie de romances policiais em ambientes desconhecidos. Tem-se preocupado com Raymond Chandler?*

“Os seus livros foram uma revelação. Muitos dos meus primeiros protagonistas tinham pouco em comum com o detective Philip Marlowe. Eram pessoas que foram expostas a acontecimentos estranhos, que observavam e se acabavam por envolver de forma passiva. Depois da Crónica do Pássaro de Corda esse padrão mudou. Os meus números são mais activos, positivos e agressivos. Entram mais na acção. Eles ajudam a desenvolver a história. O meu novo livro “1Q84”, especialmente, é feito dessa forma.”

Conflito no Japão

- O que há de novo no livro sobre “1Q84”?

“Muito. Relaciona-se com “1984” de George Orwell. Mas ele escreveu a partir de uma perspectiva futura. Eu considero 1984 e escrevo sobre o que poderia ter acontecido, mas não aconteceu.”

- Os seus livros são uma exploração eterna do que o homem é realmente?

"Quando se tenta encontrar a nossa identidade, há várias portas num labirinto. É mais proveitoso se se observar de fora. Como escritor posso ver as pessoas de fora, através dos olhos de um menino, de uma velha, de qualquer coisa.”

- Os seus livros são fortemente influenciados pela cultura ocidental. É aprovado pela polícia da iteratura japonesa?

“Mais do que antes. Há trinta anos atrás eu odiava-os e eles odiavam-me. Eu não gostava do que eles gostavam e eles não suportavam o que eu escrevia. Eu era o menino mal-comportado da classe. Eles eram guardiões da tradição japonesa. Clássicos entediantes como Mishima e Kawabata. Eu escrevo de forma completamente diferente. Estou interessado no intercâmbio cultural. O Japão tem estado muito isolado colectivamente. Tem havido um esforço para manter a sua individualidade. Mas eu tenho tanto no Ocidente, onde preservam a sua individualidade de forma natural. Tornaram tudo muito mais fácil.”

Sexo e Morte

- Costuma escrever sobre a relação entre o sexo e a morte?

“Há muitas portas para o subconsciente. Música, violência e sexo são essas portas. Eu não gosto de escrever sobre sexo mas tem de ser feito. O mesmo se aplica à violência. Na Crónica do Pássaro de Corda é um ser transparente. Existe também um caminho para o subconsciente. Brutal, mas inevitável."

- Tem muito interesse em música. Um escritor deve ser uma espécie de músico?

“Absolutamente. Deve ter um bom ritmo. O ritmo é bom, pode-se improvisar. Eu nunca sei o que escrever mas deixo a história evoluir à medida que trabalho. Quero que o leitor pergunte constantemente: uau, o que é que vai acontecer agora? Eu não gosto de realismo, é melhor quando a acção é tão espontânea que também me choca. A história pode lembrar um jogo de vídeo mas deve ser melhor. É o desafio de hoje: a conquista da televisão, da Internet e jogos de computador com uma boa história."

*N. do T. – Escritor americano especialista em romances policiais e de investigação.

Data: 18.08.2010 kl. 11:06
Fonte: Dagbladet

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

[Notícia] - 15 espectáculos preenchem Avanteatro


Quinze espectáculos preenchem o programa do Avanteatro 2010, iniciativa a realizar durante a 34.ª Festa do Avante!, de 03 a 05 de Setembro, na Quinta da Atalaia (Seixal), e que irá evocar o encenador Mário Barradas.

Oito peças de teatro para público adulto e infantil, duas das quais de marionetas, uma oficina de bonifrates, três espetáculos de dança e outros tantos de música são as iniciativas do Avanteatro 2010, a repartir por espaços no palco, no exterior e no bar.

A informação foi avançada hoje à agência Lusa pela assessoria de imprensa do PCP que não dispõe ainda do alinhamento e programação completos do evento.

O antifascista e militante comunista Mário Barradas - ator, autor, encenador e tradutor – morreu em Novembro de 2009 aos 78 anos, e é considerado por especialistas e críticos portugueses como uma personalidade marcante do teatro em Portugal na segunda metade do século XX.

“Tuning” de Rodrigo Francisco, pela Companhia de Teatro de Almada, “Nós Matámos o Cão Tinhoso” do escritor moçambicano Luís Bernardo Honwana, por O Bando, e “O saguão” do dramaturgo italiano Spiro Scimone, pelo Teatro dos Aloés, contam-se entre as peças a representar na Quinta da Atalaia.

Está também programado um “Cabaret Literário”, do grupo catalão Projecte Margot (Barcelona), um espetáculo criado a partir de textos de Fernando Pessoa, Jorge Luis Borges, Julio Cortázar, Miguel Ánguel Asturias e Haruki Murakami.

(excerto)

Data: 12 - 08 - 2010 16.22H

Fonte: Destak

Em: http://www.destak.pt/artigo/72491

sábado, 7 de agosto de 2010

[Anúncio] - Murakami PT de Férias

Olá leitores.
O nosso blog tem vindo a trazer novidades (as poucas que há) sobre o grande Haruki Murakami todas as semanas. Esperamos que até agora tenham sido do vosso agrado. Tentámos sempre acrescentar algumas curiosidades para tornar esta viagem pelo mundo do escritor japonês ainda mais divertida.
No entanto, agora que entrámos no mês de Agosto, vemo-nos obrigados a fazer uma curta pausa para férias. O Tiago já partiu para Paris com um "elefante" no bolso como companhia e com certeza regressará com uma bela opinião sobre o mesmo. Eu vou partir agora e prometo regressar com o entusiasmo redobrado. Fiquem por perto.
Desejamos umas boas férias a todos. Regressaremos o mais rápido possível.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Nova curta-metragem a partir de um conto de Murakami!

Traduzido do espanhol pela equipa do MURAKAMI PT

2 de Agosto de 2010 - A mais recente curta-metragem de Carlos Cuarón, realizador de "Rudo y Cursi", está à espera de ser estreada no Festival Internacional de Cinema de Morelia (México), que se realizará em Outubro.

Tendo como título "O Segundo Assalto à Padaria" [Conto da edição portuguesa de 'O Elefante Evapora-se], será protagonizado pela actriz Kirsten Dunst.

A produção foi baseada num conto escrito pelo reconhecido autor japonês Haruki Murakami.

Provavelmente, a personagem que mais identifica a actriz é Mary Jane em 'Homem-Aranha'; sem problemas, Cuarón foi capaz de transformar esta imagem glamorosa de Dunst numa mulher da classe média que enfrenta o primeiro conflito na sua relação, três semanas depois de ter «dito o sim», aceite n' "O Segundo Assalto à Padaria".

«É uma curta-metragem baseada num conto de Haruki Murakami, e narra a primeira crise familiar de um casamento de três semanas; além disso, estou orgulhoso das participações de Kirsten Dunst e Brian Geraghty», explicou Cuarón.

O mexicano acrescenta que foi graças a nos Estados Unidos serem representados pela mesma agência de relações públicas que se pode estabelecer contacto, e o projecto fluiu de imediato.

«O Brian aceitou imediatamente, atirou-se de cabeça para o projecto e tudo correu pelo melhor. E a Kirsten, além de luminosa, deixa-se dirigir e pede orientação. É uma actriz muito moldável, como plasticina. Não esperava tanto dela e surpreendeu-me. Adoraria voltar a trabalhar com ela. Além do mais, é lindíssima.»

As filmagens realizaram-se durante três noites nas ruas Brooklyn e New Jersey, especificamente num restaurante de hamburgers.

«A maior lição que tiro deste filme, e foi por isso que fui filmar lá, é que quando se filma só existe uma linguagem, e essa chama-se cinema. Podem-se dirigir cenas, mas os resultados falam por si, não importam as culturas que se convergem nem as múltiplas línguas, porque são tudo bónus que enriquecem.», revela.

Actualmente está a dar os toques finais na sua série de curtas-metragens documentais que integram o projecto "13 maneiras de amar o México", da TV Azteca.


Data: 02-08-2010 21:08
Fonte: El Diario
Em: http://www.diario.com.mx/nota.php?notaid=ae56887d25f7c6cabb27ff606801bba9